Meus gastos mensais são quase o dobro da minha renda
Meus gastos mensais são quase o dobro da minha renda
” Meus gastos mensais são quase o dobro do que minha renda. Não estou inadimplente, mas a situação virou uma bola de neve, pois peguei empréstimos atrás de empréstimo para pagar a dívida. Nesta situação, eu consigo que o banco faça um refinanciamento em parcelas menores para caber no meu orçamento?”
Casos como o de nosso leitor são frequentes. Em algum momento, houve um déficit no orçamento, o que levou a pessoa a contrair um empréstimo e sanar, momentaneamente, esse buraco. O que muitos esquecem é que, contratando um empréstimo, você também está assumindo o compromisso de pagar a parcela meses a fio, ou seja: mais um custo mensal. Com este novo custo, um novo buraco surge, que o leva a mais um empréstimo.
Antes de mais nada, é preciso entender o que gerou o primeiro descasamento entre receita e despesa. Caso contrário, o problema persiste e de nada adiantará renegociar com o banco.
Liste absolutamente tudo. Desde os gastos rotineiros como aluguel e supermercado, assim como os sazonais, variáveis e de exceção. Estes são os gastos correntes. Relacione também os gastos financeiros: parcelas de empréstimo e juros de cheque especial. Faça também uma reserva em seu orçamento para gastos inesperados (reserva de emergência), pois são eles muitas vezes que fazem surgir o déficit orçamentário.
Nosso leitor menciona gastar o dobro do que ganha. Mas de onde vêm esses gastos? Seriam mesmo referentes às parcelas dos empréstimos? Ou ele assumiu mais compromissos financeiros do que poderia arcar, e acabou vendo-se obrigado a contratar os empréstimos? Geralmente, o que acontece é que gasta-se primeiro para pensar em como pagar depois. Este comportamento deve ser mudado. Deve-se gastar conforme temos capacidade de pagamento.
Os gastos não obrigatórios são mais simples de ser controlados. Por não se tratar de itens de primeira necessidade, torna-se fácil abrir mão. Se somente isso não for suficiente para se atingir os 70% ideais, será preciso reavaliar os gastos necessários. Como? São vários os exemplos. Você pode negociar uma conta de celular mais barata, levar almoço de casa para o trabalho… Tudo é válido para encaixar seu volume de despesas na sua receita mensal.
Chegamos ao ponto onde vamos abordar a verdadeira dúvida do leitor. Consigo renegociar minha dívida com o banco?
Ligue para seus credores fazendo duas perguntas: Quanto custaria quitar à vista sua dívida e quais as condições para refinanciar? Para sabermos se estamos trocando uma dívida mais cara por uma mais barata, não basta só olhar para a taxa de juros, pois as parcelas são compostas também por seguros, tarifas, taxas e impostos. Se o valor da parcela de um novo empréstimo no mesmo prazo que falta e no mesmo valor para liquidação for menor que o valor da parcela atual, vale a pena continuar com a negociação. Você pode simular um número maior de parcelas na busca de uma parcela menor e que consuma menos do seu orçamento.
Por Bárbara Souza, planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: barbara.souza@jobingroup.com.br.